sexta-feira, 31 de julho de 2015

Meu coração faz prapapum!


Peço "agô" aos mais velhos, por não ter o discernimento para saber se o toque é esse ou aquele, se a amarração é essa ou aquela. 
Mas digo que agora me senti nostálgica e emocionada. 

Nostalgia de um Pai que a primeira vez que vi, chorava, sem entender porque meu coração tinha aquela batida, aquele compasso.

Um Pai que na Mitologia se apresenta duro, severo, namorador e um grande estrategista.

Para mim, apenas um Pai, um Pai que ao senti-lo, pois não consigo mais vê-lo, meu coração ainda bate naquele compasso... Praprapum....

No ritmo do alujá, e no corpo um calor, o calor da fogueira de Xangô!

E no meu caso, na larva incandescente de meu Pai Aganju!

Ao ver este vídeo, onde Xangô baila sozinho, se fazendo ali, o mestre de sala, me senti nostálgica...

Nostalgia do tempo que ainda conseguia vê-lo, ouvir o seu ilá, sentir o seu calor e louvar o seu nome Kao Kabiecile.

Hoje este ilá se tornou o chamado, o brado da terra, onde um grande buraco se abre e ali me perco.

Mais minutos antes, meu corpo vibra, minha garganta grita Kao Kabiecilé e meu coração bate, praprapum!

E o alujá invade os meus ouvidos, inunda o meus sentidos.
Para mim apenas o grande buraco, para os outros é hora de louvar e reverenciar pois o rei chegou!

Oba Tonile!
Aira O Le​!
Kao Kabiciele!


quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Pombo Gira.... não! Pai e Mãe...

Olá!

Hoje o post era sobre Pombo Gira, para ser mais exata, sobre Maria Padilha...

Mas ao sentar em frente ao PC, mudei de ideia, vai ser sobre Pais e Mães.

Não aqueles que são nossos progenitores e sim os progenitores dos Orixás.
Gosto de chamá-los de sacerdotes, porém são mais conhecidos como Pais, Mães, Yás e Babas.

No meu caso Baba... mas eu chamo é de Pai mesmo (rsrsrs).

Então voltando a história do dia, ontem falei sobre aqueles momentos em que ficamos tristes, desestimulados... querendo jogar tudo para o alto. Um dia, algum velho me disse (ou acho que foi um caboclo, não lembro bem): Quem tem Pai e Mãe não morre pagão!

Sábias palavras! Completamente aplicadas ao meu dia-a-dia.

Tenho muito amor ao meu Pai Carlos... o progenitor, afinal sem ele não teria vida, saúde, educação e abrigo durante 18 anos de minha vida... Mas nos últimos 08 anos, ganhei outro Pai.

Sim, Pai! De verdade, no duro!

Um Pai que nunca desistiu de mim, apesar das burradas, malcriações, teimosias, crises e ataques de pelanca.

Eu posso, com certeza, abrir a boca e dizer: Eu tenho um Pai de Santo!
E ele ocupa várias funções, vejam só: Pai de Santo (essa é bem óbvia), Curandeiro, Atabaqueiro, Médico, Organizador, Administrador, Pedreiro, Marceneiro, Avicultor, Encanador, Psicólogo, Assistente de Recursos Humanos, Gerente Financeiro, Mediador de Conflitos, Trabalhador Rural, Mãe, Amigo.... e as vezes até Mágico!

Em muitos momentos até esqueço algo fundamental, que apesar de Sacerdote, ele também é HUMANO.

HUMANO, da palavra ser HUMANO, como eu e você...

Quantas vezes ele também não precisou de um: Curandeiro, Atabaqueiro, Médico, Organizador, Administrador, Pedreiro, Marceneiro, Avicultor, Encanador, Psicólogo, Assistente de Recursos Humanos, Gerente Financeiro, Mediador de Conflitos, Trabalhador Rural, Mãe, Amigo.... e até o Mágico.

Vixe, crise de consciência... 
Acho que agora é a hora de perguntar e lembrar que todos nós somos HUMANOS e também precisamos de alguém que nos acolha em momentos de dificuldade, que nos ampare, nos sacuda ou simplesmente diga: Se precisar de algo, estou aqui.

Pai, te admiro e acredito!
Vamos vencer!

A sua benção!
Ou como dizemos em casa: Surefumim Baba!





Babalorixá Jair de Xangô

Ilê Asé Opô Obá Tonile
*meu Pai





quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Porque fazer orixá?

Olá queridos...

É voltei!
Depois de algum tempo sem escrever, decidi voltar a registrar aqui minha peripécias e aventuras dentro da comunidade do Candomblé.

Muita coisa aconteceu neste tempo, então vou tentar escrever conforme vou lembrando ou não... sei lá.

Bem o post de hoje é sobre algo que me aconteceu... hoje (rsrsrs).

Há momentos em nossa vida que achamos que tudo está errado, que nada serve mais, nem nós mesmos servimos... e acreditem... estava passando por um destes momentos.

E ouvi a seguinte pergunta: Por que você fez santo então? Senão acredita, senão tem fé...

Mas o texto de hoje é só sobre a primeira... "Por que você fez santo então?"

Juro que não sabia o que responder na hora. Não sabia por que estava triste, confusa... mas também por que nunca tinha colocado tudo isso junto, analisado e pensado: Caramba... por que fiz santo?

Fiz uma retrospectiva de minha vida religiosa e daquele momento que decidi entrar para o Candomblé. E digo: fui privilegiada. Escolhi ser de Candomblé, fui pelo amor, como diziam os antigos.

A princípio me encantei com a Religião dos Orixás, com o culto pela natureza, pela beleza, pelo encanto... O que chamamos de "folclore".

Mas pensando de novo e respondendo a pergunta que me foi feita. Fiz santo para ser feliz, é isso ser feliz!

Orixá não traz dinheiro, o contrário, só tenho gasto.
Orixá não traz namorado, porque estou solteira novamente.
Orixá não traz emprego, porque hoje estou desempregada.
Orixá não faz milagre, porque quando implorei a Oxum pela vida da minha mãe, não teve jeito ela faleceu.

Então para mim, Orixá traz PROSPERIDADE!

Estranho?
Não!

PROSPERIDADE: qualidade ou estado de próspero, que significa feliz, venturoso, bem sucedido.

Deu para entender agora? Ainda não? Explicando com as frases acima.

Dinheiro: Não tenho, mas não estou passando fome, como bem e pago minhas contas.
Namorado: Não tenho, mas ninguém está assim tão enferrujado (kkkk).
Emprego: Não tenho, mas faço os free lancers e como disse acima, pago as contas.
Milagre: Não quero, afinal não sou católica e o que está escrito no destino tem que ser cumprido.

Resumindo, fiz Orixá para ser próspera!
Ser feliz com todas as dificuldades e tropeços da vida!
Para louvar e respeitar todos os dias a natureza.
Para ter uma nova família, viver em comunidade...

E você?
Se fez Orixá? Por que fez?
Se ainda não fez... Por que vai fazer?




terça-feira, 20 de novembro de 2012

Oxum Ypondá

Um pouco sobre as passagens de Oxum.


Ypondá


Rainha na cidade de Pondá, dona do rio Pondá, Yeye Ipondá rivaliza com yeye Opará quando seus rios se encontram.



Yeye Ipondá é guerreira, vaidosa ao excesso, aponta sua espada para qualquer um e desafia o intruso. Muito ligada a Owárìs e Igbòálàmà, adora roupas douradas com branco e não responde no jogo mais de uma vez, ou seja, se ela responder entenda rápido pois ela não repetirá o que já respondeu. 


Se irrita ao ser puxada numa roda de candomblé, gosta de ser a primeira se tiver outra Oxum na sala e conte com ela sempre quando se tratar de uma criança. Não perdoa um filho que não respeita ou quebra os seus preceitos e sua liturgia.



Ponda ou Ypondá como esposa de Oxossi Ibualama. Porta um leque. É a mãe de Logun-Edé e com sua espada guerreia bravamente. Vive no mato com seu marido. Veste amarelo-ouro e azul-claro na barra da saia. Alguns dizem que é relacionada ao fogo e aos cemitérios e tem ligação com Egun. 

A pata é a sua maior quizila, seu bicho de fundamento é a tartaruga. 

Tem ligação com Ogum, Oyá, Oxossi e Oxaguiã. Come com Iyemonjá e Oxalá. Alguns dizem ser companheira de Omulu, muito feiticeira tendo ligação com o fogo.


Uma lenda conta que....



“Ypondá e Opará disputavam o mesmo amor. Em um determinado dia, Ypondá deu-se conta de que os olhos de Opará brilhavam muito quando avistava Erinlé, o Odé preferido de Ypondá. 


Ypondá muito faceira e perigosa, andava sempre armada com seu par de fisgas (espécie de arpão), chamou Opará e pediu que se ajoelhasse, nesta época Opará era uma espécie de dama de companhia de Ypondá e sempre ficava aos pés de Ypondá. 

Opará muito jovem e sempre afoita mesmo sem entender, cumpriu com o pedido da Osun mais velha e correu para abaixar-se, quando Ypondá fisgou-lhe as duas vistas e arrancou fora os olhos.
Tornando-se então Opará cega. Onira revoltada com tal situação tenta comprar a briga de Opará, lançando raios contra Ypondá, e queimando-lhe os pés.

Ypondá por sua vez muitíssimo inteligente mira o abebé dela contra os raios de Oyá e a cega também. Desde então Opará e Oyá fazem companhia uma a outra, são inseparáveis e Ypondá por sua vez, as guia.A esta Oya damos o nome de Onira que é uma Oya Olodo (ou seja das águas).


terça-feira, 25 de setembro de 2012

Mudança do axé - Parte 1


Comecei esta postagem marcando parte 1, porque imagino que ela terá muitas outras partes no decorrer do tempo.

Tempo este que estou ansiosa para que passe e que a casa de Xangô logo esteja estruturada como nós planejamos.

Sei que logo vou rir das aventuras passadas durante esta construção... o dia em que encontramos a cobra... a primeira visita de Exú Marabô.

Dias realmente emocionantes, onde revitalizo e reforço minha fé.

Hoje diretamente em contato com a natureza, vejo como minha religião é linda e que estou no lugar certo...

Abraços a todos.

terça-feira, 3 de julho de 2012

Ogum, obrigada por atender minhas preces...

Na semana passada, como toda quarta- feira, fui a Casa de Axé para cortar os meus quiabos e rezar o amalá... e quando estava lá, uma idéia de realizar um agrado para Ogum não saia da minha cabeça.

Olhei para o vidro de feijão e pensei: é você mesmo! E comecei a preparar o meu Macundê.
Já com o corpo lavado com nossas folhas e minha mente limpa, ascendi o fogão de lenha, catei o feijão e botei pra cozinhar. Ralei minhas cebolas e comecei a preparar o prato. Juntamente com dois acaçás, frescos e pontudos.

Como toda Yawo que se preste, preparei dois najés bem bonitos (dois, porque não se deve arriar nada ao seu orixá sem antes arriar para o da casa, afinal sempre os mais velhos), lavei as folhas de mamona e sequei, cobrindo o fundo das najés. Com o feijão bem cozido, escorri um pouco do caldo e refoguei, pronto a delicia estava preparada, só aguardando o momento de oferecê-la ao pai Ogum.


Assim o fiz e hoje, em plena terça feira, naquele último sono, das 05:00 da manhã, tive um sonho... acho que foi sonho kkk. Senti ao pé da minha orelha direita um fungar, uma respiração quente, um rosto forte ao roçar no meu. Assustada mal tive coragem de tentar abrir os olhos, pensei: Meu Deus o que tá acontecendo.
E ao abrir levemente os olhos, aquele homem que estava atrás de mim, ao fungar em minha orelha, passou em minha frente, forte, negro, com olhos arregalados, tinha o peito nú e na cintura uma faixa de dendezeiro.
No pescoço um colar longo de missangas azuis marinho, simplesmente passou e sumiu como uma miragem.


Voltei a dormir e sonhei com o barracão, com Oxum, Odé e novamente este homem, claramente para mim, identificado como Ogum, senhor dos meus e dos nossos caminhos.


Ai que eu digo, quem é de Axé é.....


Patakori Ogum, motumbá.
Obrigada por estar em minha vida e por atender minhas preces.    



terça-feira, 19 de junho de 2012

A morte de minha mãe

Olá querido Blog, faz tempo que não nos vemos...

Mas atualizando os fatos muita coisa ocorreu, minha mãe faleceu... e tive que tirar um dos ebós mais "punks" da minha vida.

Foi duro e chego a conclusão que deixo esse papo de "Eguns" para os mais velhos, afinal é necessário muito conhecimento para lidar com estas situações.

Com isto tudo, dei muita cabeçada e praticamente virei saco de pancada. É sério!
Pela primeira vez em 4 anos, pensei repentinamente em largar o candomblé, fiquei triste e descompreendida. Em muitos momentos procurei respostas nos orixás e em Exú sobre a perda da minha mãe.
Até que um dia de muita tristeza, falando com Exú Marabô, querendo saber porque nos momentos em que ela esteve hospitalizada ele não veio falar comigo, ele me disse: "O que a Sr.a queria que eu fizesse? Eu não ressuscito quem já se foi!".


Na hora fiquei um pouco chocada. Mas não é (que como sempre) meu velho tem razão! Quando chega a hora não tem o que se fazer, podemos apenas nos conformar e pedir para Iansã e Oxalá que quem partiu tenha um bom descanso.


Durante a internação de minha mãe um dia em desespero, Oxum veio a terra, minha irmã carnal Adriana, ajoelhou e clamou a Oxum que ela trouxesse nossa mãe de volta, Oxum, segundo os presentes, abraçou minha irmã, a levantou e apontou pro céu.

Depois disso acreditei que era a hora de me despedir de minha amada mãe, porque não havia mais ebó para ser feito, a hora dela tinha chegado.

Também sobre essa história de partir, fiquei pensando para onde será que minha mãe foi? Porque ela sempre foi simpatizante do candomblé, mas não era consagrada... Hum... confuso!

Então cheguei a conclusão que ela foi pro Orum, descansar e depois retornar dentro do seio da minha família para completar sua missão... Talvez esta é a resposta que mais me conforte...

Porque até para mim, candomblecista, é difícil perder alguém a quem tanto amamos, mas tenho fé em Oxum e Iansã que isso passará, e que me confortarei com a dor.

Abril 2011 - Seu último aniversário

Motumba sè.