domingo, 16 de outubro de 2011

Churrasco no Barracão

Churrasco no Barracão

Mais um fim de semana passado e vivido dentro do candomblé.

No sábado me aconteceu algo muito divertido, Meu Baba e meu Padrinho Nani (Ogan da minha feitura) decidiram fazer um churrasco, super improvisado, debaixo de chuva.

Ogan Nani, gerenciando o churrasco

Muiiiitttoooo divertido....
Tudo improvisado feito no fogão a lenha do Barracão, momento regado a conversa e descontração.

Ser de candomblé é muito mais  do que vestir bonitas roupas e dançar em um barracão, é mais do que tudo, prezar coisas como união, amor e família.



Ekedi Adriana, esposa do meu Baba.


Entender o que é viver em comunidade, compartilhar alegrias e tristezas. Lidar com os momentos de estresse de maneira divertida sem nunca perder o foco, estar junto diante das dificuldades do mundo, ser família.

Amo minha família de Asé.... Obrigada  por tudo Pai Jair e Ogan Nani... os homens da minha vida.

* Depois fomos ao candomblé da Ya Gilda de Oxum, post para amanhã. 

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Omolokun

 A comida de uma casa de axé é a ligação entre os homens e os nossos deuses:  Os orixás.  Para realizá-las são utilizados basicamente três itens: o camarão seco ou defumado, a cebola e o azeite de dendê. 


Para a realização das  comidas é necessário estar com corpo limpo, livre de alcóol ou drogas e/ou  relações sexuais.


Aos sábados comemora-se as Yabás, orixás femininos, e com grande destaque temos Oxum, Yabá faceira que aprecia muito o Omolokum, feito com feijão fradinho bem cozido, refogado com cebola ralada, pó de camarão seco ou defumado, sal e azeite de dendê. Enfeitado com camarões inteiros e ovos cozidos, inteiros e descascados, cobertos com pingos de dendê ou mel. Comida maravilhosa. 

Talvez a mais saborosa do candomblé, que reflete todo o cuidado e sabor das comidas feitas e servidas por Oxum para alimentar aos seus filhos e ao seu Rei. Dádiva esta herdada por suas filhas e filhos que tendem a serem ótimos cozinheiros e cuidadores.


Para saudá-la neste sábado... lembraremos de seu Omolokum.

"Omolokun Alé unbó"
 


quarta-feira, 20 de julho de 2011

Kaò Kabiyesile

Oba Iná! Kao Kabiyesile!
"Ele é a voz aterrorizante do trovão"
 

Reza de Xangô

Oba Kao
Oba Kao
Kabiyesile
Oba Ni Kole
Oba sere
Oba Njeje
Se re Alado
Bangbose O wo bitiko
Osé Kao
O Kabiyesile
 

O Rei meus cumprimentos
O Rei meus cumprimentos
Sua Majestade
O Rei construiu uma casa
O Rei do xere
O Rei prometeu, traz boa sorte, Dono do Pilão
Bamboxê abidikô meus cumprimentos
Oxê Sua Majestade


Reza dedicada a Xangô, onde se encontram elementos importantes em seu culto. O Pilão, instrumento que demonstra força e altivez. O Xere, instrumento utilizado para a sua invocação. Algumas invocações próprias como Oba, o grande Oba de Oió, Bamboxê abidikô, título ligado a sua reverência aos cultos ancestrais. E "Ni Kole", trecho ao qual indica uma casa imagina-se referência a fundação da casa de Iá Nasô, linhagem que ligada a sua segunda geração.



Mais uma linda quarta feira, dia abençoado pelo meu querido Oba Iná, Xangô.
Casa onde renasci, onde cresci e de menina me tornei mulher...
Minha saudação grande pai.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Orixás em nossa vida

Aiaiai, tema este infinito.

De madrugada eu aqui acordada, sem ter o que fazer, mesmo sabendo que amanhã vou ter que levantar cedo, mas minha cabeça frita, cozinha, ferve. Como queria agora uma coca com vodka, ou Contini pra ficar mais docinho...

Enfim, até aonde os orixás podem influenciar nosso destino? Eu não sei, ou será que o destino é sempre com Odú? Ou será que ficamos sempre a mercê da vigilância e caprichos de Exu?

Não sei, não sei e estava tanto precisando de respostas...

Mas tenho muito fé, até mesmo quando era católica, pois fui muito católica... E penso que nada em nossa vida acontece sem que os orixás tenham conhecimento, mas porque coisas ruins acontecem?

Será que é o tal do Odú denovo?

Ou pior porque próprios irmãos de fé e religião desejam o mal um dos outros, influenciando em seus destinos e nos levando a miséria.

Como diz uma entidade que amo muito, Dama da Noite, “minhas amigas me levaram a malícia” e levam mesmo a todos nós.

Mas acho que fugi um pouco do assunto que era a influência dos Orixás em nossa vida...

Se eles que causam tudo eu ainda não sei e nem sei se vou chegar a descobrir um dia, sei que tudo clamo a eles e hoje nesta angústia espero deles solução, proteção.

Por vezes penso se não peço muito, senão os  sobrecarrego? Mas veja bem, qual o pai ou mãe que não protege  sempre o seu filho? Não existe!

E é isto que os orixás fazem por nós o tempo todo!

A mãe Oxum, olhe por mim, olhe por nós e nos ajude!

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Oxum Meta

Caros amigos Yawos... vencida mais uma etapa!

E digo aff que sacríficio e também que alívio!
Passei de bebezinho a uma pré adolescente... acabei de realizar o meu Oxum Meta.

Foi legal bem emocionante e o melhor foi receber aqueles fios bonitos, quebrados, uma roupicha mais luxuosa e o respeito da comunidade... é ser de candomblé não é fácil.

Mas por outro lado adquiro novas responsabilidades e deveres. Não ser mais criança implica em muitas coisas como assumir os próprios erros e ser exemplo aos Yawos e Abiãs.

Acredito que vou conseguir, afinal já faço isso sem a tradição, mas agora realizarei com total e plena autorização.

Veja só estava me preparando as poucos para que tudo desse certo, nada ficasse para a última hora mas como sempre não rolou assim.

Tivemos que sair correndo, como tradicionalmente atrás das coisas que faltavam até uma parte do tecido não deu e tive que comprar tudo denovo.

Mas tudo bem é sempre assim.

Com isso conheci uma costureira ótima, aprontou tudo em 5 dias, super "deflexe".

Contei também com uma ajuda inesperada, da Ebomi Sheila de Oyá que veio e ajudou muito o meu Pai, afinal "sozinho eu não posso mais".

A galera disse que a festa tava linda, pena que a gente não vê nada.....!

Sei que a roupa de Oxum arrasou meu bem! Acredito que ela estava linda, no outro dia parecia que havia tomado uma surra de tanto que minhas pernas e meu corpo doía.

Mas tá beleza, ainda de resguardo mais sem kele, to por aqui, ajeitando as coisas e me preparando para começar oficialmente um novo ciclo, que Oxum abençõe as todos e que me dê força porque o Odu Ika está chegando!

Agradecimentos:
Primeiro a Oxum, ao Meu Babalorisa Jair de Xangô, ao meu Padrinho Franscimir de Odé, a Minha Irmã Adriana, A Ebomi Sheila, ao Ogan Flávio e a todos meus irmãos e amigos que aqui estiveram...

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Oxum... minha rainha

Sou sim filha de Oxum e cuidado conosco! kkkkkk

Somos arteiras que só, afinal Oxum é a dona do Mel, dos encantos, da doçura, do amor... ele é osso companheiro.

Brigamos e não fazemos barraco, tudo com calma na surdina kkk

Mas adoro se filha de Oxum, carregamos sim os seus encantos, a sua beleza e também a sua flagilidade...

Na hora da guerra, primeiro limpamos as pulseiras, nos perfumamos, arrumamos os cabelos, ajeitamos as saias... e sempre deixamos um belo aboró, detalhe no belo, ir na nossa frente para evitarmos o suor kkk.

Ora Yeyeo Oxum!

Canto de Oxum

Maria Bethânia

Composição : Toquinho e Vinicius de Moraes

Quando eu morrer
voltarei para buscar os instantes
que não vivi junto do mar
Yèyé e yèyé s'oròodò, yèyé o yèyé s'oròodò
Olóomi ayé s'óromon fée s'oròodò
Oxum era rainha,
Na mão direita tinha
O seu espelho onde vivia á se mirar
Quanto nome tem a Rainha do Mar?
Quanto nome tem a Rainha do Mar?
Dandalunda, Janaína,
Marabô, Princesa de Aiocá,
Inaê, Sereia, Mucunã,
Maria, Dona Iemanjá.
Onde ela vive?
Onde ela mora?
Nas águas,
Na loca de pedra,
Num palácio encantado,
No fundo do mar.
O que ela gosta?
O que ela adora?
Perfume,
Flor, espelho e pente
Toda sorte de presente
Pra ela se enfeitar.
Como se saúda a Rainha do Mar?
Como se saúda a Rainha do Mar?
Alodê, Odofiaba,
Minha-mãe, Mãe-d'água,
Odoyá!
Qual é seu dia,
Nossa Senhora?
É dia dois de fevereiro
Quando na beira da praia
Eu vou me abençoar.
O que ela canta?
Por que ela chora?
Só canta cantiga bonita
Chora quando fica aflita
Se você chorar.
Quem é que já viu a Rainha do Mar?
Quem é que já viu a Rainha do Mar?
Pescador e marinheiro
que escuta a sereia cantar.
É com povo que é praieiro que Dona Iemanjá
quer se casar.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Omo Orisa

Isso mesmo, Omo Orisá, tema do Blog, momento para start do nosso blog.
Acho que não preciso explicar muito porque Omo Orisa.. Por que sou Omo Orisa e depois que isto me aconteceu muitas coisas mudaram em minha vida.

Acredito que muitas dessas coisas acontecem e vão acoantecer na vida de todo Yawo, é Yawo... Esta é a forma que nós somos chamados quando nos iniciamos na religião... Antes de virar Pai ou Mãe de Santo, Babalorisá ou Yalorisá... Mas isso é conversa para um outro dia.

Criei este blog para conversar com o povo de axé, pois temos muito mais do que receitinhas para tudo, temos cultura e muito conhecimento.

Vou começar falando da iniciação... Tchararam!
Essa palavra é forte, soa de várias maneiras dependendo do ouvido, mas para mim é tudo muito mágico.

Fiz Orixá (é fiz orixá é assim que aprendi a falar depois que meu pai tomou Axé no Opo Afonjá, lá na Bahia e particularmente gostei muito disso) já adulta e pouco crescida kkk. Mas enfim, não estava morrendo, não estava doente, ninguém da minha família estava doente.

Fiz porque encontrei no candomblé o meu modelito ideal... e não to falando dos camisus e saias. To falando da religião que melhor lhe cabe, aquilo que lhe veste, que lhe conforta e que te aceita.

Minha primeira experiência com Candomblé foi quando eu era criança, minha madrinha de batisto é da macumba. Isso mesmo parece ironico ser batizada por uma mãe de santo na igreja católica, mas nada de moralismos no momento.

Minha madrinha, Dinha de Oxum, era de Angola, é de Angola, bem não sei mais direito como está a vida religiosa dela, e eu ia as famosas festas de Cosme e Damião, ou Festa de Erê se preferirem.
Comia caruru, dançava e brincava muito e sempre via um "santo" estranho que sempre me abraçava, uma tal de Oxum... (irônico isso não?). Mas se acham que derrepente aconteceu algo surpreendente podem cair do cavalo, não rolou nada.

Conheci um grupo de dança, que utilizava o ritmo dos orixás como base para suas composições e até mesmo alguma cantiga utilizada nas cerimônias, entrei para o grupo e comecei a dançar. Aí sim lascou-se tudo!

Dancei, dancei e dancei... Me apaixonei pelas cantigas e pelos "santos" agora por mim chamados de Orixás.

Foi assim que começou... Vou para por aqui e logo continuo...